segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poema Quase Concreto

Escreverei meus sonhos
Organizarei meu subconsciente
Estantes e estantes de pensamento.

Odores engarrafados, diálogos gravados
e escritos – para facilitar a pesquisa –, datas,
mapas e fichas mentais dos personagens captados

O preço a ser pago, então, é expor a intimidade dos meus sonhos a uma folha de papel?
Um papel que – quem sabe? – nunca pediu pra ser papel?
E se o tivesse feito, teria pedido para que servisse à arrumação cerebral?

Mas arre, se para construir a minha biblioteca de sonhos
Devo simplesmente arruinar os de uma folha
De papel, que seja!

Mas...

Mas como me sentiria tranqüilo ao transcrever
os abortos de pensamento que atropelam meu descanso?
Seria como se o sonho criasse pernas, braços e –por pior – olhos.
(e dos olhos ao sentimento, o caminho é curto)
Seriam meus sonhos meus observadores, agora.
Tornar-me-ia devaneio de meus próprios sonhos.

2 comentários:

  1. Não conhecia teu blog, tô vasculhando e gostando bastante!

    Quando ao poema, tô pensando, me deixou com uma fumacinha saindo da cabeça e só uma frase por aqui: a gente pediu pra ser poeta?!

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  2. Isso não é sentimento.

    Morfeu pisca os olhos e
    já pensas que é Vênus que te chega...

    Odeio elogios:
    ótimo.

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