segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Para além dos lírios que plantei (Em meu jardim)

Acho que demorei tempo demais para me dar conta que eu é que sou o “para-além”.  Para além de tudo o que eu vejo, sinto e choro, para além da barragem do bacanga. 

Sem ironias desta vez, das poucas vezes que me vali desta. Não vim chorar minhas mágoas, que não são poucas, mas pensar junto (que é o único jeito que eu conheço) em qual seria a saída para a minha universidade. Mas peço licença para imaginar a vaga possibilidade de que o posicionamento que tomo, qual se pretende integrador e ético, seja moralmente aceitável. E sobre a ironia usada, foi a derradeira.

Meu nome, meu código de matrícula, minha rotina e meu futuro, nas mãos de Nn pessoas. Se eu fiz uma brincadeira na aula? Se eu fiz uma brincadeira fora da aula? Se eu prefiro Abraham Lincoln a Fidel Castro? É esse tipo de coisa que me preocupa. Nota, nota mesmo, inventa-se.

Há pouco tempo, dentro da universidade, houve o que muitos viram como um conflito bipartite dentro do curso. ‘Contra’ mim, estava um (01) dos companheiros que mais prezo. Ao meu lado, quem poderia estar diametralmente oposto. E mesmo assim, tamanha era minha vontade, tentei fazer aquilo que nunca consegui. Tentei mudar, trazer a discussão, romper o marasmo do curso sobre a idéia de Direito e Universidade. Enfim, regar os lírios de uma esperança. Não foi desta vez.

Como já disseram à época, “pra quem reclamava de marasmo no curso de Direito, aquilo ‘tá parecendo o Oriente Médio”. O que se esqueceram de dizer: O perigo mesmo era pra quem palestinava.

Assembléias, debates, filmagens, provas imaginárias e covardia foi a minha impressão em um ano inteiro de universidade. A evolução de problemas pequenos quais “eu não concordo com as cotas”, “eu sou o responsável por quem passa em minha ‘cadeira’”, “de 2007 para cá o nível das turmas têm caído consideravelmente”, levaram o curso de Direito ao que conhecemos hoje.

A injeção de medo que nos dão, sempre que há oportunidade, terá efeito colateral. O veneno que nos empurram goela abaixo nos fará regurgitar. Não nos esperam, não nos respeitam e não nos guardam honra. Por hora.

Sou um homem que por demais pende ao messianismo, mas esse não existe nesta mesopotâmia. A mudança não virá de mim, que tolice a minha pensar isso: a mudança é a reação natural da força deles mesmos. A repulsa pelo “quem indica”, a má fama do “puxa saquismo”, a clara insatisfação pessoal e profissional quais somos vitimas diretas.

Sobre as terras bacangais não vejo outra coisa a dizer:

Meus amores, apedrejem essas mãos vis que vos afagam, escarrem nessas bocas que vos beijam.

"Em cima do medo coragem, recado da Ororubá."