quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sempre Humesmo


Escrever para que ninguém leia. Escrever como terapia.

Ninguém é merecedor de ouvir meus devaneios que julgo inteligíveis. Outro dia, conversando com um amigo inteligente, esbocei a idéia de que conceber o demônio (partindo do pressuposto da existência de Deus e o Demônio, claro) como o cara mau e Deus como o cara Bom não faz sentido, porque os dois seguem o mesmo regulamento, não protegem nem destroem o universo. Um premeia (nessa eu vou com Angenor) a bondade, outro pune a maldade.

“Tá certo, mas qual o objetivo disso?”

Uma pergunta que eu deveria ter feito. E todo o meu pensamento mostra-se no que foi desde o início: adubo.

Nem digo que minha idéia foi como veneno, e somente a partir dele é que encontraria antídotos, ou qualquer outra verdade útil assim.

A disciplina, aquilo que desde meus primeiros dias ouvi e tive como a estupidez, o “artifício dos que não sabem ser criativos”, dos imbecis dos exércitos, dos padres “que perdem seu tempo procurando quem não existe”, ou pior, dos religiosos em modo geral que “organizam o crime de charlatanismo mais tradicional já visto”, é o que eu preciso.

A falta de disciplina me faz escrever um aposto que separa os núcleos da minha frase em quatro linhas. A disciplina é o que eu preciso.

Será mesmo? À porra com a disciplina, não sou um soldado. E se o fosse, um soldado só não faz verão.

É, para mim, ser soldado é uma ofensa, mormente quando não há guerra. Mas se uma houvesse, eu seria um soldado orgulhoso, que pensaria nos próximos poemas a escrever, mas morreria bem antes disso.

Bem antes.

Talvez nem reconhecessem meu cadáver, e quem quer que tivesse sido meu algoz não saberia quem fui eu.
Ou saberia, “esse bosta nunca foi ninguém”.

“Vai ver é um daqueles porras que escrevem pra ninguém ler, escrevem como terapia.”

Se eu for pra guerra, quero que seja por uma coisa que eu concorde. E quero estar do lado que ataca. Por conveniência, eu acho. E para estar do lado da práxis revolucionária, ou quase isso.

Se eu morresse na guerra bem antes de pensar nos próximos poemas a escrever e meu cadáver não fosse reconhecido porque eu sou um bosta que nunca foi ninguém, graças a ter sido um daqueles porras que escrevem para ninguém ler, como uma terapia, eu queria que alguém lesse isso.

Não me mataria, não morreria com orgulho, não viveria feliz, não viveria triste. Humesmo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Leia-me

Não é que eu tenha desistido, é que não existe mais pelo quê se lutar.
No que diz respeito a ti.
Sem dramas, por favor. A tinta fresca no papel não vai agüentar suas raras lágrimas. E não digo isso pela presunção de que possas chorar simplesmente pelo que leres, mas porque me irrita a possibilidade de que, caindo o pranto, caiam também minhas palavras.
Quero, incomodado, que as leia. Uma a uma.
Injustiça seria dizer que me foste uma inútil, mas não vivo de pragmatismos. Não é intenção minha fazer de tua lembrança uma cruz, ou então uma ilusão, uma hipnose. Eu guardo aquilo que é real. E real é tudo o que acontece na minha cabeça.
Se não há correspondência com o lado de fora, paciência.
Se imaginas que caio em rodeios, engana-te. Engana-te, como sempre. Nesse exato momento tuas mãos já prenderam a carta. Elas, essas cúmplices de tua vontade, não te obedecerão mais, ao pensar em atear fogo em minha literatura sobre o castiçal de prata sobre à mesa.
E antes que eu esqueça, a única prata desta casa imunda é o teu caráter.
Tremes. Mas és tão pequena que só tremes porque não sabes ainda o que quero dizer. Mas não é pra isso que as cartas foram feitas.
Cartas  não foram feitas somente para dizer o que se quer dizer. Mas como será dito.
Pois sim, digo:
Chegaste ao teu apogeu. Contemple a vista.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pensamento (Paralelo)

De errada maneira
não vejo (o)
Direito

O que é certo existe
até que se ponha
em Prática (?)

Preciso me manter
Sujo
Para alcançar (!) o que acho
Limpo

Limparei ( ) este mundo
Nem que me afogue
em Porcarias